quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O pirata de Paris

(fonte da foto)
Laurent Fignon faz parte das minhas primeiras memórias do Tour de France. Se a memória não me atraiçoa, acompanhava as etapas na televisão, no Verão de 1989, talvez em directo, talvez em resumos alargados. Para além disso, A Bola e o Record contavam, ao pormenor, a disputa entre o francês com ar de pirata e um americano com ar de certinho (Greg Lemond).
Laurent Fignon já ganhara o Tour por duas vezes, em 82 e 83. Eram, assim, naturais, as esperanças dos franceses, numa época em que franceses a lutar pela vitória nesta competição eram ainda habituais. Fignon acabou por ficar para a história como o penúltimo francês a vencê-la (depois dele, só Hinault), tal como foi o penúltimo francês a conseguir um segundo lugar (imitado por Virenque, alguns anos depois).
O ciclismo internacional começou, para mim, ligado a Fignon. Por isso senti algum orgulho quando, em 92, já perto do final da carreira, o vi ainda vencer uma etapa do Tour, com a camisola da Gatorade. Ontem fui surpreendido pela notícia da sua morte. Aos 50 anos, Laurent Fignon não resistiu a mais uma etapa, sucumbindo ao avanço do cancro. Não mais voltaremos a ver o pirata loiro nas estradas, a não ser que procuremos bem no fundo do nosso baú de memórias, a não ser insistindo um pouco em rever as imagens que ficaram desses momentos históricos. Seguramente que, por aí, Fignon continuará a vencer etapas até à eternidade.

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