segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O valor de uma equipa

O valor de uma equipa é visível na sua capacidade para se adaptar à realidade de cada jogo, e no encontro de ontem entre Benfica e Sporting, percebeu-se porque é que o Benfica tem uma equipa bem mais valiosa do que aquilo que o Sporting pensa que tem.
Durante todo o jogo foi notório um índice físico superior, entre os jogadores da equipa encarnada, que ganharam, sistematicamente, os duelos corpo a corpo e as disputas de bola em velocidade. Para além disso, todo o jogo do Benfica decorre com uma maior rapidez do que a do seu adversário, fazendo com que uma defesa à zona se transformasse em pressão sobre o jogador que tinha a bola, tal era a demora em tomar uma decisão. Também é de ter em conta a versatilidade de movimentos entre os jogadores ofensivos do Benfica, com Aimar, Cardoso, Coentrão e Saviola a abrir constantes linhas de passe em evolução no terreno, perante um Sporting onde todos pareciam ter colocações fixas, sem que houvesse trocas nem tentativas de ruptura. O único jogador do Sporting que tinha ordem para se mexer era Yannick, mas correspondendo sempre aos passes com perdas de bola, essa ordem apenas serviu para evidenciar a sua falta de qualidade técnica em possessão.
No entanto, a principal razão da vitória benfiquista tem que ver com a identidade da equipa. O Benfica, muito diferente do da época anterior, não tem qualquer pejo em colocar Coentrão no meio-campo, onde sobressai menos mas é mais útil à equipa, como também não tem receio de reforçar os sectores defensivos (com a entrada de Amorim e Airton) na tentativa de manter o jogo controlado. No caso do Sporting, o descontrolo táctico é muito evidente. Paulo Sérgio não sabe o que querer da equipa, alterando constantemente esquemas que parecem nunca resultar, em boa parte por escolher mal os jogadores para cada posição. Maniche não tem vigor físico para ser a peça principal da pressão no meio, Valdés não tem a velocidade necessária para jogar na linha, Matías parece perdido sempre que tem pela frente alguém que o marca em cima. Não ver Zapater, Vukcevic e Salomão terem mais minutos, será algo que será uma das piores recordações da passagem de Paulo Sérgio por Alvalade que, a ver pelo caminho que a equipa está a levar, não deverá ser longa.
Última palavra para Óscar Cardoso. Só precisou de um bocadinho de espaço para renascer das cinzas. O espaço que nunca teve no Mundial nem nos primeiros jogos da temporada, apareceu ontem, e Cardoso, como seria de esperar, marcou dois golos e criou mais duas ou três oportunidades. Quantos mais adversários acreditarem que um jogador com as suas características tem fases más, mais golos Cardoso marcará. Não se pode confiar, nunca, num oportunista. E, se não tivesse sido por todas as restantes razões, essa teria bastado para que o Benfica fosse um justo vencedor.

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