quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Notas de scouting – Sérvia e Dinamarca

|Luís F. Cristóvão

Acompanhada a segunda fase e as finais do Campeonato Europeu Sub-16 Feminino – Divisão B, seguem-se algumas notas sobre as equipas que subiram de divisão, para além de Portugal, já referido num artigo anterior.

Sérvia 

Jovana Nogic
A vencedora do torneio foi, no final de contas, a equipa mais equilibrada de todo o torneio, focando-se, sobretudo, no momento defensivo, onde se constituiu como o conjunto que melhor fechava a área restritiva de todo o torneio. Esse facto permitiu à Sérvia vencer por distâncias confortáveis frente a Inglaterra, Finlândia e Dinamarca, tendo também ultrapassado Portugal por minimizar os efeitos do jogo interior luso. A equipa de Zoran Tir vale muito mais pelo seu coletivo do que pelas peças individuais. Snezana Bogicevic ganhou um lugar na All-Tournament Team por ser a melhor marcadora da equipa, mas isso deve-se, sobretudo, a ser a jogadora com mais minutos em campo. Bogicevic terminou o torneio com uma percentagem fraquíssima (1 em 9) no tiro exterior e, apesar de ser uma jogadora elegante e com bom posicionamento, não tem características ainda muito definidas.


Outras atletas, como Katarina Zec – uma lançadora por excelência – ou Aleksandra Katanic – a base principal da equipa – tiveram bons momentos durante o torneio, podendo também merecer a distinção. Merece nota o crescimento de Jovana Nogic e Jovana Subasic durante a competição. A jogadora do Benfica ocupou, sobretudo, a posição 2, mas deu todos os sinais de poder render mais como base principal, pelo bom domínio de bola e a escolha acertada do tiro. Subasic já havia sido observada no Europeu do ano passado, quando era ainda uma jogadora muito imatura. Continua a ser uma jogadora com altos e baixos, mas frente à Finlândia e Portugal, curiosamente equipas que lhe ofereciam postes mais altas e resistentes a nível defensivo, o seu jogo sobressaiu, mostrando qualidade de ressalto – da qual nunca se duvidou -, mas juntando-lhe uma excelente performance no lançamento. Jogadoras a seguir, num futuro próximo.

Dinamarca

Sarah Mortensen
As expetativas eram muito poucas, tendo em conta a derrota por quase 50 pontos frente a Portugal, na primeira fase, mas o conjunto dinamarquês acabou por ser a grande revelação deste torneio, tendo alcançado a subida à Divisão A, batendo a Finlândia no jogo do 3º e 4º lugar. A liderar a equipa, Enna Pehadzic, uma atleta que, aos 16 anos, já está pronta para enfrentar o basquetebol mais exigente, quer pela sua constituição física, quer pela sua maturidade em jogo. Podendo jogar como 1, 2 ou 3, Pehadzic era a melhor solução para os diferentes momentos de jogo da Dinamarca, acabando como líder da equipa em todos os itens estatísticos. Sarah Mortensen desafiará Pehadzic, no futuro, por dar sinais de que poderá ser mais alta do que a sua companheira de equipa. Como ela, também Mortensen pode ocupar diferentes posições na equipa, mostrando-se bastante à vontade na condução do jogo, mas podendo, provavelmente, retirar mais do seu jogo na posição 3. A melhor atiradora do exterior, neste conjunto, foi Ann Noerregaard, que concretizou 17 tentativas em 48, para lá da linha dos três pontos. Noerregaard também conduzia, muitas vezes, a bola para o ataque, sendo a solução mais veloz, embora com uma leitura de jogo menos apurada que Pehadzic.

No jogo interior brilhou Grace Gardner. Não tendo números tão impressionantes como Victoria Mikkelsen, a outra poste da equipa, Gardner foi mais eficaz defensivamente e criou muitas dificuldades às suas adversárias, pela intensidade colocada em jogo. Essa foi, aliás, uma das chaves da equipa orientada por Thomas Ginnerup-Nielsen. Com um banco que foi parte integrante do jogo, sempre atento e interventivo em cada jogada, a Dinamarca mostrou que poderá alcançar o mesmo nível de excelência, seja em que condições for. Nota ainda para a pequena Anna Moeller, que apesar de estar listada como nascida em 1997, dá ares de ser bastante mais nova. É uma base inteligente, agressiva e muito participativa nos minutos de jogo que lhe foram concedidos. Se conseguir ultrapassar o handicap físico, poderá ser um caso sério do basquetebol dinamarquês.

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