quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Misano de amarelo e azul

| Carolina Neto

O grande prémio de San Marino, em Itália, realizou-se, no passado domingo, num circuito bastante especial para os italianos e para os amantes das duas rodas. As bancadas estavam cheias. 50.000 Apaixonados de bandeiras na mão prontos para apoiarem os seus pilotos de eleição. Uns de amarelo e azul, outros de vermelho, outros de laranja. Tudo dependia do piloto que defendiam e pelo qual bate o seu coração.



Era o regresso de “Vale”, como é conhecido, a terras italianas, num circuito que tem o nome de um dos seus melhores amigos dentro e fora do asfalto. Tinha tudo para ser um fim-de-semana de festa. E foi-o.

O Circuito Marco Simoncelli vestiu-se de amarelo e azul para receber os pilotos da classe rainha do motociclismo. Num grande-prémio onde Marc Marquez e Jorge Lorenzo eram, ao início, os favoritos à vitória: um deles está a realizar uma  época sem erros, o outro venceu neste circuito nos últimos três anos. Mas a verdade é que Misano é especial, e os favoritismos não se confirmaram.

Rossi estava em casa. E isso só poderia ser um factor de motivação. É claro que a vitória em Misano, a 107ª da sua carreira, não se deve, apenas, ao factor emocional de estar a correr diante do seu público. A mecânica, a escolha dos pneus, a capacidade de concentração, a capacidade de aproveitar um erro do adversário foram, em conjunto com o apoio vindo das bancadas, os elementos chave para o regresso ás vitórias de «Il Dottore».

Já os seus adversários mais directos como Jorge Lorenzo e Marc Marquez não foram capazes de vencer o Rei de Misano. Os dois espanhóis cometeram erros que lhes custaram a vitória. Jorge Lorenzo falhou na escolha de pneus, e Marc Marquez cometeu o primeiro erro da temporada ao cair. Ao longo das 28 voltas, tudo se foi construindo para que Valentino Rossi subisse ao lugar mais alto do pódio.

Mas a verdade é que Valentino Rossi jogou todos os seus trunfos nesta corrida. Arriscou mais do que era pensável e o próprio sabia que isso lhe poderia custar a vitória. Só que estando a correr diante do seu público, qual será o piloto que não arrisca mais do que a moto poderia permitir? Quem não quer fazer boa figura, e dar uma alegria à sua gente? Valentino Rossi é o homem que apaixona multidões, e em Misano, ele fez o que tinha de fazer: arriscar e conquistar.

A bandeira de xadrez foi mostrada. Rossi passou a linha de meta em primeiro lugar, sem qualquer oposição por parte dos seus adversários e levou ao delírio a multidão que se deslocou até Misano. O chamado paddock encheu-se de pessoas para assistirem à cerimónia, onde o veterano se sentiu como o Papa.

As duas rodas seguem, daqui a duas semanas, para a Motorland de Aragón, em Espanha. Aí, haverá novas histórias e mais emoção.

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